Musicalidade

O conteúdo do canto na capoeira expressa a reinterpretação de realidades sócio-políticas e míticas. Tais elementos são responsáveis pela preservação e continuidade da tradição, pois através dela a história, o aprendizado e a memória, são passadas entre gerações,  transformando-se num grande legado cultural.
Muitos destes cânticos interpretam a vida do negro no  cativeiro e suas relações interpessoais, bem como as supostas origens da capoeira. O improviso, que faz parte do samba de roda, do pagode e da embolada, aqui também se faz presente, sob forma de loas improvisadas que elogiam as qualidades dos jogadores e da própria capoeira  seus heróis míticos e lendários enaltecendo suas epopéias. Estes cânticos exercem influência sobre o capoeirista determinando o estado emocional, o ritmo e a intensidade do jogo dentre outros fatores relevantes.




Eles são compostos de três tipos: ladainha, chula e corrido. A ladainha é parte ritualística e peculiar ao jogo de Angola. Sua característica principal é ser cantada em solo, isto é, por apenas uma pessoa. Os demais participantes só entram em coro quando o o solista canta o “iê, vamo s’imbora”. Do ritmo das cantigas, o seu é o mais lento e proporciona um um momento ímpar de concentração e até de preparação espiritual (de forma muito particular) para o jogo. 
Na chula acontece a saudação entre o solista e os demais jogadores. Ela é realizada ao final da ladainha. O corrido marca o instante em que o jogo pode ter andamento. E o coro é fundamental, devendo entrar desde o início.